Mais tarde, entendi de licença poética e só então descobri que no teatro Kabuki, citado por Caetano, os atores têm suas faces pintadas e as máscaras são usadas em outras vertentes do teatro japonês.
Crédito: Gueisha World | Teatro Kyogen Noh
Já que toquei no assunto de máscaras, queria mesmo falar um pouquinho do uso delas no teatro tradicional japonês. Existe muito a ser abordado, mas vamos começar pelo Nô! O No, Nô, Nou ou Noh (assim mesmo, nenhuma das grafias está errada!) é uma forma clássica do teatro japonês e existe desde o século XIV. Um drama lírico, o Noh combina canto, pantomima (mímica), música e poesia.
Nascido das tradições religiosas, o Noh foi fomentado pelo shogun Yoshimitsu Ashikaga (1358-1408) que em 1374 assistiu a apresentação de Kan’ami (1333-1384) e seu filho Zeami (1363-1443) em Kyoto, imediatamente o shogun torna-se uma espécie de mecenas do teatro feito pelos dois, dando-lhes apoio pelos próximos 34 anos. Nesta época as companhias teatrais estavam ligadas a um grande templo ou santuário e o objetivo do teatro era ensinar o caminho da salvação da alma.
Crédito: Desvendando Teatro | Máscaras do teatro Noh
Dentro do Noh cada detalhe é essencial. O formato de palco feito de cipestre japonês, avança em direção a platéia, envolvendo a todas com a performance no palco. O Noh também possui uma orquestra (hayashi) formada de quatro instrumentos musicais e um coro, composto por seis a dez elementos. Esse coro tem função primordial na dramaticidade da narrativa desenvolvida.
Crédito: Jojo Scope | Palco do teatro nacional de Nô em Tóquio
O Noh é conhecido como teatro de máscaras ou teatro das essências, tentando expressar o máximo com o mínimo. A expressividade é contida, quase imperceptível. Às vezes, consiste em um olhar lançado pelo ator. As máscaras têm importância em diversos aspectos, usadas pelo protagonista (shite) e seu acompanhante, que são espíritos, enquanto o coadjuvante (waki) e seu acompanhante bem como o ator tipo cômico (kyogen), por serem pessoas vivas, nunca as usam. Geralmente o protagonista (shite) é um espírito ressentido por sentimentos passados dos mais variados, enquanto o coadjuvante (waki) é uma espécie de apaziguador. Tudo se revela em um palco de cenário simples, geralmente com um pinheiro pintado ao fundo, o “Kagami-ita”, junto com a ponte estreita “hashigakari”, ponto utilizado como entrada e saída dos atores.
Contrapondo a dramaticidade do Noh, temos o teatro Noh Kyogen, tendo sua origem no mesmo período, onde ocorriam nos intervalos das apresentações de Noh.
Mas e o Kabuki citado por Caetano?
Claro que não vamos deixar de falar de Kabuki. É só ficar conectado com o blog que vamos falar muito de teatro, música, dança, cinema! Conhecer um país através da sua cultura é uma das maiores viagens em que se pode embarcar. Através da cultura percebemos muito do lifestyle de um povo e suas tradições. Ansiosa pela próxima parada! Nos vemos lá!
Fontes:
Desvendando Teatro | Teatro Japonês
Japan-guide | Noh Theater
FJSP | Teatro Tradicional Japonês
Jojo Scope | Teatro Nô: o palco, os atores, as máscaras
Geisha Wiki | Kyogen
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Beatriz Torres
Cantora e compositora. As próprias custas produção cultural. Nova redatora do Blog Japão com Tsuge, tem a missão de trazer e disseminar a arte e cultura japonesa.