Nossa! Faz um tempo que não posto nada. Confesso que andava saudosa e por isso bolei um plano!
Decidi desdobrar em 3 pequenos capítulos um pouco da cinematografia de 3 grandes figuras do cinema japonês: Kenji Mizoguchi, Yasujirō Ozu e Akira Kurosawa.
Hoje, começo por Kenji Mizoguchi que, apesar de ter um legado incrível e muito influenciou renomados diretores japoneses, é o nome menos citado dentre seus conterrâneos acima.
A história de Kenji Mizoguchi
Nascido em Tóquio em 1898, Mizoguchi teve uma infância difícil, convivendo com um pai tirano e machista (como muitos homens naquela época), e viu ainda muito jovem sua irmã ser vendida como gueixa para ajudar a manter a família.
Esse fato é de suma importância para a construção da carreira do diretor, que dedica seu cinema a contar um pouco do sofrimento da mulher japonesa em sua obra, expondo as mazelas de uma construção social que sempre fazia a mulher sacrificar-se pelo bem dos homens. Mizoguchi deixou sua casa aos 13 anos para cursar artes gráficas, trabalhando como designer publicitário.
Kenji Mizoguchi e o cinema japonês
Seu primeiro contato com o cinema foi em 1920, mas dessa vez como ator. Sua estreia como diretor aconteceu no ano de 1922, quando dirigiu seu primeiro filme, “Ressurreição do amor”, lançado em 1923.
Logo no início de sua carreira, Mizoguchi produzia uma série de filmes por semana, fato perceptível observando sua filmografia, entre as décadas de 20 e 30, que ultrapassa a casa das 50 produções. Infelizmente, a maioria dessas obras se perdeu, mas o que se sabe é que muitas delas tinham conteúdo “tendencioso” e exploravam causas sociais, algo que sempre fora muito presente na vida do cineasta. O próprio Mizoguchi, considera que sua carreira se inicia de maneira mais séria a partir de 1936 e logo após a Segunda Guerra Mundial, volta a trazer um contexto mais social ao seu trabalho.
Mizoguchi era conhecido por ser extremamente perfeccionista, fato que deixava a vida nos sets bem agitada para atores, câmeras e fotógrafos. Mizoguchi também é conhecido por ser um grande mestre de planos longos e planos sequência, criando cenas inteiras em apenas um plano. Um homem que tinha total domínio sobre cada cena e isso é nítido na criação do seu trabalho.
Legenda:
- Plano longo - é um trecho de filme rodado ininterruptamente, ou que parece ter sido rodado sem interrupção
- Plano sequência - é o plano que registra a ação de uma cena inteira sem cortes
Escrever sobre cinema é sempre uma tarefa árdua, faço milhares de pesquisas e a vontade de escrever páginas e páginas, flui. Parando por aqui, deixo algumas curiosidades e, principalmente a dica: assistam Mizoguchi! Por isso, elenquei alguns filmes que penso serem legais para iniciar a viagem cinematográfica nas obras dele.
- Elegia de Osaka (1936)
- Oharu – A vida de uma cortesã (1952)
- Crisântemos Tardios (1939)
- Contos da lua vaga (1953)
- O Intendente Sanshō (1954)
Curiosidades sobre Kenji Mizoguchi e o cinema
Créditos da foto: Palavras de Cinema | Crisântemos Tardios (1939)
Mizoguchi tinha bastante interesse pelo cinema ocidental e no início de sua carreira cinematográfica, bebeu da fonte do Expressionismo alemão, presente no seu filme intitulado Chi to rei (1923; Sangue e alma).
Dedicou grande parte de seu trabalho ao melodrama, tendo grande influência das artes tradicionais japonesas, criando um estilo único e muito peculiar. Mizoguchi ficou conhecido por criar cenas com planos espetaculares, que influenciaram muitos cineastas, principalmente Akira Kurosawa (tema dos próximos capítulos da nossa coluna).
Mizoguchi ficou conhecido como cineasta das mulheres, por mostrar como o patriarcado tratava as mulheres no Japão.
Créditos da foto: G1: clássico do cinema | Contos da lua vaga (1953)
Curtiu o tema, digno de cinema, sobre a cultura japonesa?! Aproveite, então, para baixar um infográfico incrível que criamos, falando sobre os TOP 5 filmes de Kenji Mizoguchi.
Te espero nos próximos capítulos do cinema japonês!
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Referências:
➜ BFI: Kenji Mizoguchi 10 essential films
➜ Sense of Cinema: Mizoguchi
➜ Biomania: Mizoguchi, Kenji
➜ Toca do Cinéfilo: Oharu a vida de uma cortesã
➜ G1: clássico do cinema - Contos da Lua
➜ Ensaios Ababelados: Intendente Sansho
➜ Criterion Collection: Phillip Lopate on Kenji Mizoguchi’s Portrayal of Women
➜ A Janela Encantada: Era Dourada Japão
Beatriz Torres
Cantora e compositora. As próprias custas produção cultural. Nova redatora do Blog Japão com Tsuge, tem a missão de trazer e disseminar a arte e cultura japonesa.